Mauro Veríssimo
"Não posso dizer o que não sei, mas posso dizer que a amo intensamente. Minha vida, a ti pertence."
Textos
Terra Média 
 

Passo o tempo a ver a minha Guanabara e a vida entre as vidas que ela conduz, talvez tivesse sido mais tranquilo ficar em casa, mas fico mais feliz em estar aqui, um momento de glória, que fará a diferença a todo o instante em que, na minha vida eu lembrar, da Terra Média, uma terra de sonhos, meus sonhos, que passaram à realidade nessa vida amarga e sem brilho. A viagem a terra média fora tudo em mim, 27 anos vividos em 3 dias, que se passaram em segundos, agora passo dias a pensar, na vida que vivenciei, e da mulher que tanto amei, senão humana, muito pura, a ponto de tirar toda a dor e rancor da minha alma, e me transformar no homem mais puro, desejo voltar a terra média, desejo retornar e permanecer na terra dos elfos, o mundo que aprendi a amar e que não posso mais deixar de pensar em viver e morrer no reino de Gayon, e sua linda filha Caciopéia.  E viver pelo tempo que disser o meu destino.
 
Quando estou triste, venho sempre a esse lugar no meio do meu país, para ver essa natureza, a água cristalina, a cachoeira que cai do céu, e este rio que passa a minha frente e vai, viajando por essas terras que só os meus olhos presenciam.
 
Alguns pássaros passam, olham nos meus olhos e sentem os meus sentimentos. Fazem acrobacias pelo ar, depois cantam e dançam de forma engraçada enquando estão em terra, tudo para me fazer sentir bem. Eles não falam, mas sinto a sua energia bem dentro da minha mente.
 
Deito na grama macia e vejo algumas rosas e outras flores que desconheço o nome, mas são tudo o que há de mais lindo que possa ser visto, as árvores que chegam a tocar algumas nuvens, escondem com a sua sombra, alguns feixes da luz solar, deixando-me numa sensação quente e amigável. Dançando ao sabor do vento, elas brincam ao se mover, deixando passar pouco de luz que vez ou outra, toca o meu rosto. Sentia vontade de ver o sol mas não conseguia, de qualquer forma é bom sentir que sou bem vindo aqui.
 
A gruta que me leva a esse lugar sagrado e seguro das mãos humanas foi encontrada por acidente por mim, num passeio, já faz algum tempo, desde esse dia, sempre volto para sentir essa energia e revigorar o meu espírito, pois não há nada que já tenha visto que se compare com o que vejo aqui. Senti vontade de contar ao mundo essa descoberta mas, acabei por não contar a ninguem. É mais seguro deixar tudo como esta, por isso, creio que toda essa festa ao meu redor nada mais seja do que o agradecimento deles pela atitude que tomei, escolher uma vida segura para eles em vez de fama e sucesso para mim.
 
O mais estranho é que, o tempo aqui, passa de forma diferente do que do outro lado, passo horas aqui, dias as vezes, no entanto quando retorno, vejo que não se passaram mais do que alguns minutos no horário local. Percebi que na verdade eu não estava indo a um ponto desconhecido no meio do país, mas que viajava para um lugar fora do meu planeta, em outro universo, ou outra dimensão. A gruta nada mais era do que um portal dimensional que me leva para esse lugar tão limpo e tão único, com terras a se perder de vista e nenhuma forma inteligente de vida, apesar que nunca vi tanta inteligência na fauna e na flora que conheci até então. E o mais interessante, qualquer hora do dia ou da noite que eu chegasse à gruta e fizesse a travessia, sempre era dia do outro lado, mas devido a altura das árvores, não conseguia ver o sol.
 
A cada visita, passava um tempo sempre maior naquele lugar que batizei como Terra Média, já que fica aparentemente no centro do Brasil, no atual estado do Mato Grosso. E sempre ia mais distante, seguindo o curso do rio para não me perder da entrada descobrir mais e mais, tinha medo de encontrar alguma fera ou algo venenos, mas com o tempo, cheguei a conclusão que o único animal feroz e venenoso a andar pela Terra Média era eu.
 
O dia espetacular da minha vida foi o dia em que cheguei há uma planície, com grandes montanhas, vistas a uma grande distância, cujo os picos, eram cobertos de neve que refletiam um brilho radiante, como se a luz refletisse num cristal. Alguns metros longe da floresta fizeram com que eu tivesse uma dimensão do espaço que estava a minha volta, olhei o céu e senti um frio correr pela espinha quando enfim percebi a dimensão de onde eu estava. Nada mais fantástico do que poder observar 3 sóis viajando pelo céu, os dois primeiros menores do que o nosso sol mas, o terceiro era mais do que o dobro do tamanho, não havia como saber a distância deles para o lugar onde eu estava mas, diferente do que pensei, não estava quente o suficiente para me queimar, sentia calor, nada diferente do que sentia quando estava nas praias do Rio de janeiro.

Passado o susto, sabendo que estava noutro sistema planetário, continuei a andar pela margem do rio, o meu sentimento era o de chegar perto daquelas montanhas longínquas que brilhavam como cristal, refletindo a luz daquelas 3 estrelas. Sabia que iria passar muito tempo ali dessa vez, foi uma decisão difícil, mas primordial para o futuro que estava por vir, futuro esse que jamais poderia imaginar para a minha vida.

Quando cheguei a uma lagoa, percebi que, do outro lado, o rio fazia uma bifurcação em que seguia sentidos opostos, senti sede e, por isso, decidi beber um pouco de água, nunca tinha passado tanto tempo na Terra Média, as necessidades e o cansaço começavam a bater no meu corpo, mais fortes do que a vontade de continuar a diante. Bebi um pouco daquela água deliciosa e cristalina e senti como se o meu corpo tivesse recuperado toda a energia perdida, fiquei surpreso com a sensação que senti, mas esse êxtase foi substituído com o pavor de um barulho agudo e muito próximo às minhas costas, tentei me virar, mas algo me acertou a nuca caí por terra sentindo o corpo se perder num adormecimento, quando olhei para o alto vi um ser mas, devido a situação que eu estava, nada mais aconteceu, apenas os olhos se fecharam, com tudo escurecendo a minha volta, tudo chegando ao fim.

......continua.......
Mauro Veríssimo
Enviado por Mauro Veríssimo em 19/01/2014
Alterado em 15/03/2018
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