Guerra e Paz Num Sonho Sem Fim
Não sei o que acontece ao redor de mim, às vezes fico contente com a vida que me cerca, outros tantos, fico a imaginar como tudo seria, se a vida tivesse mudado o curso, se as escolhas tivessem sido outras. O mundo nos oferece alternativas que geram mais perdas do que ganhos, então, como poderemos saber de que forma, menos perderemos, nesse jogo tão complexo que é a vida?
Nunca saberemos, o certo é que o destino e a casualidade viajam lado a lado, ditando as regras da essência e da existência, brindando como amigos marotos, os estratagemas que criam para gerar o nosso micro e macrocosmos para então, elaborar as grandezas universais que conhecemos e desconhecemos. Na complexidade das redes e entrelaçamentos sociais, vivenciamos o nosso pseudo-livre arbítrio e os caminhos que seguimos da nossa efêmera longevidade.
Aqui na praia Vermelha, fico diante da baia de Guanabara, olho Vênus, (Afrodite), e Júpiter, (Zeus), no céu poente. Zeus numa perseguição alucinante, para alcançar Afrodite nos céus, enquanto Marte, (Ares), segue no encalço dos dois, do outro lado do zênite, em seu cavalo demoníaco e sedento de sangue, em busca do caos que tanto lhe afaga e aconchega. Quem dera Minerva, (Atenas), fosse uma estrela ou um planeta, em vez de uma cidade, assim lutaria por nós contra Ares, a favor da tão sonhada justiça a muito esquecida por nós.
É incrível como a nossa mente gera tamanhas possibilidades de verdades e ilusões, que seguimos ou descartamos. Sempre há a escolha, sempre há a dedução, sempre há a opção de estar ou mudar, consolidar ou progredir, acalmar a tempestade ou explodir como um vulcão, semelhante a um furacão infernal, como se fosse o próprio Vulcano, (Hefesto). Somos assim, totalmente imprevisíveis, o que faz da nossa vida um acontecimento impreciso e alucinante!
No instante em que estava diante daquelas águas, pude vivenciar uma história dentre as histórias e gerar perguntas de perguntas, mesmo antes das respostas de cada resposta. Assim também somos com a nossa própria vida, inconstantes e, por isso, não confiáveis.
Tudo isso me leva do Cosmos ao Caos, do Tártaro ao Jardim do Éden, ou seria dos Campos Elíseos ao Inferno? Como saber? Como entender?
Por isso, sentado aqui, nessa solidão, diante da Guanabara, vejo bilhões de pessoas na tela do notebook, mas continuo só, falo milhares de dialetos, mas continuo ermo e solitário, conheço o mundo inteiro, nesse minúsculo ponto material dessa insignificante e anônima existência. Essa inconstância é um fator negativo que me encanta, pois nela eu viajo e escrevo, penso e vejo, diante da minha alegria e tristeza, que compartilho a cada nova oportunidade de optar por um novo destino.
Não há respostas para essas lacunas deixadas na história, na nossa história, ficamos apenas navegando nesse oceano desconhecido, buscando nos orientar e orientar a quem nos busca, essa não é a solução, mas é a resposta que o destino e a casualidade sempre nos dão. Por mais irônico que sejam essas ferramentas, elas são as melhores e mais perfeitas obras deixadas para o nosso bem estar. Cabe a nós usá-las com muita sabedoria, mas, como poderíamos exemplificar, através do destino e da casualidade, o que seria a sabedoria?