Irmãos Veríssimo
O que dizer, depois de tantos invernos passados, no meio dessa vastidão de poeira e solidão que nos domina?
Não sei lhe dizer caro irmão, o tempo passou e, sempre que me lembro, parece que foi ontem que brincávamos como crianças adultas que não percebiam que o mundo, antes eterno para nós, nada mais era do que poeira ao vento, que hoje aqui está, mas amanhã não se saberá aonde encontrá-la. Assim fomos nós, vivemos o nosso momento, mas agora estamos perdidos em estradas diversas, sem saber como está a nossa jornada chamada destino.
Nossa princesa continua linda e bela, a mais inteligente dentre nós. Ela é brilhante, radiante e sem parâmetros no que se concerne a salvar vidas, com certeza um dom herdado da nossa querida e terna mãe, a nossa rainha. Que honrado sou por pertencer a essa família tão cativante, tão benevolente e bondosa para com os inocentes e desprotegidos, sou um ancião no meio de grandes heróis, nessa terra de sonhos e desilusões.
No entanto sinto a sua falta, como sempre senti, nada é pior do que ter um grande irmão em outra jornada, outro mundo ou outro universo, não tenho como afirmar, posso apenas supor a sua localização no espaço infinito do céu celeste, casa dos anjos e pessoas do bem, que deixaram uma linda história para contar para aqueles que ainda continuam a jornada terrestre. Você passou pouco tempo aqui, mas foi o suficiente para também deixar a sua história entre nós, por isso aqui a minha homenagem, a você que o céu hoje guarda e para a nossa linda, que cuida de nós dois, a maneira dela, mas o faz com dedicação extrema.
Quanto a mim, completei mais um inverno e, como sempre, sinto-me do mesmo jeito, o luto nunca me abandonou, a sua partida prematura deixou cicatrizes que nunca irão cicatrizar, sei que é um erro pleno, principalmente pelas coisas em que acredito, mas não tenho como combater a falta que você me faz, não tenho forças, a dor é intensa e, sempre que o Setembro chega, o mundo se torna cinza escuro e sem vida, viro um fantasma em meio a multidão, o vácuo deixado pela sua ausência é uma realidade que nunca nos abandonará.
Por isso estou aqui, para sempre lembrar do seu nome, lembrar da sua vida e da sua história, num planeta em que tudo facilmente se esquece, jamais deixarei que o esqueçam, você sempre será lembrado, enquanto aqui eu estiver e, prometo em suma, que sempre protegerei a nossa irmã, a nossa princesa. Ela nos segura, ela nos mantém de pé, com a força que ela tem.
Um dia nos reencontraremos caro e querido irmão, no dia em que nossas estradas novamente se cruzarão, no final da via chamada destino. Imagino a festa do reencontro, a família novamente reunida. Sonho meu já de muitas datas, como as do Setembro sempre presente a cada ano que se passa. Tenho fé e esperança, de que existe uma estância superior que coordena todas as jornadas da humanidade assim como a nossa e que, sempre haverá a grande festa, a reunião, daqueles que fizeram o bom caminho e que, como premio, o grande reencontro! Com os ancestrais que já fizeram a viagem, assim como você, e que nos aguardam do outro lado. Assim a minha esperança descreve.
Enquanto isso, faço a ti a minha homenagem, para a nossa irmã a minha reverência, aos meus pais a minha idolatria eterna por tudo que fizeram por nós. Jamais deixarei de seguir o meu caminho, com honra, paz e simplicidade e jamais permitirei que um dia eu te esqueça, enquanto eu respirar, sempre estarás presente na minha vida, na nossa história.... “Bad Boys” para sempre.......
Mauro Veríssimo